sábado, 24 de setembro de 2011

O Admirável mundo dos solteiros - Parte I

Tá, você terminou o seu namoro, passou pela fase de luto profundo e finalmente resolveu que estava na hora de sair do casulo e voltar a dar as caras na rua. Então você para e olha ao redor, e vê a dura realidade: Todos os seus amigos mais próximos estão casados!

Em outras palavras, as pessoas que faziam parte da sua vida com a finada estão saindo para jantares românticos na sexta à noite, fazendo almoços de família no sábado à tarde e indo passear com os cães no parque e assistindo filminho de mãos dadas no domingo. Tudo isso é lindo e romântico, mas convenhamos, romance é tudo que você menos precisa agora. Então, que fazer?

Bom, o primeiro passo é obviamente procurar a turma dos solteiros, inteirar-se do que acontece no mundo fora da “bolha de bibs” em que você vivia. E como fazer isso? NÃO TENHO A MÍNIMA IDÉIA! O que eu vou fazer aqui é tentar mostrar para vocês, pelos meus erros e pelas minhas experiências, parte do caminho das pedras para que vocês tirem as suas próprias conclusões.

Fase 1 – O churrasco

A minha primeira idéia brilhante foi ligar para a minha melhor amiga e companheira de furadas Helena, que embora esteja namorando, teve o bom senso de continuar saindo de casa.

- Calma Beatriz, você não vai passar nem uma semana solteira, pode deixar que eu dou um jeito nisso!

- Eu não quero ninguém, sua maluca! Eu só quero sair e ver gente, conhecer pessoas novas.

- Sei... vou arrumar umas gostosas pra você conhecer e depois você me diz se quer só conversar! Tem um churrasco no feriado, todas as amigas da minha namorada vão, deve ter alguma que você goste lá, vamos?

Sem nada para fazer e com saudade da companhia da Hell, embora um pouco relutante, topei. Chegado o dia do churrasco, tive que encarar o triste fato de que os 6 quilos deixados de herança no final do namoro impediam todas as minhas calças de entrar, todas as minhas roupas de ficarem boas, e ao olhar-me no espelho eu vi, no máximo, uma gordinha com potencial. “É o que temos pra hoje”, pensei. Coloquei uma blusa mais soltinha, uma maquiagem mais caprichada e antes de sair de casa fui me despedir da Ma e da Virginia que estavam de “bibs” na sala, assistindo a um show da Alcione e bebendo muito. Sem olhar para mim, a Virgínia faz o primeiro comentário infeliz do dia, dos muitos que faz durante toda a sua vida.

-Nossa, a Alcione já está muito gorda, mas quando ela coloca essas blusas soltas, fica parecendo uma arraia obesa cantando em cima do palco!

Pausa para o espelho, pausa para a blusa soltinha, e reticências para a arraia obesa que eu estou me sentindo desde o comentário! Perante tal fato, a única coisa que eu podia fazer era rezar para esfriar, assim eu não passaria tanto calor com o casaco preto que esconderia o meu lado arraia.

Chegando ao churrasco, pode-se dizer que eu me senti uma arraia fora d’água. Tudo aquilo parecia uma cena de dez anos antes. Gente fazendo coreografia de axé até o chão, os homens gays discutindo quem era ativo e quem era passivo, duas ou três gostosas de shortinho bebendo muito e perdendo a compostura, pouca carne e muita bebida. O admirável mundo dos solteiros.

Continua...